quarta-feira, 11 de julho de 2007

Resumo dos dias em que nao postamos... Por Vitor.

E aí pessoal, tudo bem?

Aqui quem está postando é o Vitor.

Vou relatar, resumidamente, o que fizemos nos dias em que nao postamos...

No domingo, dia 8 de julho, ainda em La Paz, tivemos um dos dias mais inesquecíveis da viagem. Para uns (Ricardo e Will) mais que para outros... Já explico o porquê.

Saímos pela manha rumo à Chalcataya, uma montanha à 5.300 metros de altitude e à 1 hora e meia de La Paz. Fomos, os seis do grupo de Londrina, dois suícos da Suíca Francesa (que eu fiz amizade no dia anterior nas Ruínas de Tiahuanaco, e que, por coincidência ou nao, estavam hospedados no mesmo Hotel que agente em La Paz), e mais 4 brasileiros (dentre eles um professor doutor de Odontologia na UEM).

A galera no caminho para Chalcataya (ao fundo, "Wayna Potosí")

Chegamos no pé da Motanha de Chalcataya, à 4.800 metros de altitude, onde se encontra a estacao de esqui mais alta do mundo (pelo menos no papel, porque nao vimos nenhum esqui lá! Nos disseram que o aquecimento global levou à diminuicao da neve no local, e o conseqüente fechamento da estacao).

Da estacao até o topo da montanha eram meros 500 metros de subida, que, na altitude em que estávamos, mais pareciam 500 quilômetros...!

Já no pé da montanha, Wagner, Will e Ricardo sentiram tontura e dor de cabeca...

A subida era muito íngrime e perigosa. Se nossos pais estivessem lá, nunca nos permitiriam subir... Sério mesmo!

A trilha era "meio" perigosa!

Foi muito difícil chegar ao topo... O Ricardo passou muito mal. Vomitou e acabou tendo que descer antes de chegar ao topo. O resto do grupo conseguiu cumprir a "missao". Vale lembrar que, enquanto estávamos antes da metade da caminhada, os suícos haviam subido, visitado os dois lados da montanha e já estavam descendo!!!! Também é bom lembrar que lá em cima conheci um grupo de 10 alemaes com mais de 60 anos!

Topo do mundo

Que recompensa!

A dificuldade e o esforco valeram muito. A recompensa foi indescritível! Nao existem palavras para descrever o que é estar no "topo do mundo"... Só de imaginar que "atacamos" uma das mais altas montanhas da Cordilheira dos Andes e, conseqüentemente, da América, parece que nao fomos nós!

Missao cumprida

Depois, voltamos para La Paz e fomos para o "Valle de la Luna", que tem esse nome pela semelhanca que tem com a Lua! O lugar também é lindo...

Valle de la Luna

Voltamos para o Hotel às 4 h da tarde e fomos direto para a Cemitério pegar a van para Copacabana. Fomos os 6 do grupo e mais o casal de suícos, a Carine e o Raphäel, já que eles nao falam espanhol nem inglês e, como podiam se comunicar comigo em francês, se sentiram mais seguros em viajar conosco, em vez de sozinhos. A partir desse momento, nosso grupo de 6 se tornou 8. Agora temos 2 agregados.

Nossa viagem já comecou diferente do normal. Eu entrei na maior briga com o presidente do sindicato dos motoristas de van, porque a van que estava na vez da fila para Copacabana era velha e desconfortável, e nós queríamos viajar na van que era a 2ª da vez, mais confortável e nova. Depois de muita briga, conseguimos a van melhor. Pagamos mais caro para ter a van só para nós oito, porque, normalmente, eles enchem a van até o máximo do desconforto! Colocam o dobro de pessoas que deveriam colocar dentro. Saímos de La Paz às 5 h da tarde, e o horário previsto para chegada era às 8 h da noite.

Eu fui na frente, conversando com o motorista, como tenho feito desde o comeco da viagem, para absorver o máximo da cultura local. O motorista havia morado por 15 anos na Argentina e acabava de retonar à Bolívia, e já com planos de regressar à Buenos Aires, já que sua esposa e filha haviam ficado por lá. Ele, como grande parte dos bolivianos, tem 2 irmaos que trabalham como semi-escravos em confeccoes clandestinas de Sao Paulo. É difícil ser boliviano!

A noite veio, e com ela, os problemas...

Chegando em San Pablo, já no Lago Titicaca, teríamos que atravessar pela balsa para chegar ao outro lado, San Pedro, à 40 minutos de Copacabana (nosso destino). A tempestade e os ventos fortes, juntamente com a revolta do lago, que tinha ondas (!), nos pregaram uma peca... chegando no meio da travessia, a balsa (precária e muito pequena... mal cabia a nossa van!) quase virou!!! Tudo balancava como se estivéssemos no epicentro de um terremoto!! De repente, percebemos que os 2 bolivianos que cuidavam da travessia da balsa estavam desesperados, gritando e correndo de um lado para o outro... Para completar, acabou a energia das duas vilas e a balsa nao tinha farou!!!!!! Tivemos que voltar!

O medo tomou conta do grupo... uns preferiam arriscar o provável naufrágio à ter que ficar hospedado naquela vila sem energia e cheia de pessoas estranhas! Acho que nunca passamos tanto medo na vida! Os suícos ficaram pálidos e nao conversavam nem entre eles!

Depois de uma hora, as águas do lago acalmaram e conseguimos atravessar, mesmo sem energia nas duas vilas, sem farol e ainda com chuva! Que aventura...! As rezas de nossos pais realmente estao valendo!

Já do outro lado, à 40 minutos de Copacabana, tínhamos que passar por uma cadeia de montanhas. Já no comeco da subida, nova surpresa: uma NEVASCA! Nao se via nada à frente, só neblina e neve. Tudo branco! Mesmo sob meus protestos, o motorista, convicto, nao quis parar a van e abriu a janela para poder olhar para frente com a cabeca para fora!!!!!!! Neve, neve e mais neve! Quem da viagem ainda nao tinha visto neve cair, viu da pior maneira possível!!!!!! Medo, medo, medo. Todos rezávamos para que, num eventual muito provável acidente, nao caíssemos em algum penhasco e morrêssemos. Os minutos pareciam horas, e chegamos a pensar que alí seria o fim de nossa viagem! Vimos vários acidentes... carros tombados, outros, atolados na neve!

Nevasca na estrada para Copacabana

Depois de muito sufoco, chegamos numa Copacabana sem energia e coberta de neve. A nevasca havia deixado sua marca à beira do lago sagrado dos Incas, o atual "mar" dos bolivianos!

Já era 11 h da noite. A viagem durou o dobro do tempo estimado!

Depois de tanto sufoco, nada como um bom sono, à 5 graus negativos, sem água quente nem luz, num hostel à beira do entao frio Titicaca!

Acordamos bem cedo na segunda-feira, dia 9 de julho. Decidimos abortar os planos de visitar a "Isla del Sol" e fazer passeios pelo lago, já que fazia um frio insuportável e chovia, além de havermos tido notícias de que manifestantes de todas as causas bloqueariam as estradas do Perú nos próximos dias, numa greve nacional...

Decidirmos visitar a Catedral de Copacabana, que é o centro de pelegrinacao dos bolivianos, já que a Virgem de Copacabana é a padroeira desse país que talvez seja o mais americano de todos (afinal, nao foram os índios os primeiros habitantes desse vasto continente? - estes, componentes majoritários da populacao boliviana, a maior populacao indígena do mundo em porcentagem!). A Catedral é linda! Decorada com muito ouro!

Lago Titicaca, em Copacabana

Saímos de Copacabana à 1:30 h da tarde... Que pena que nao aproveitamos como queríamos. Tivemos má sorte. Quase nunca chove nessa regiao no inverno!!!! E a neve também nao é comum no lago.

Chegando em Puno, no lado peruano do Lago Titicaca, fomos, de barco, às famosas ilhas flutuantes de Uros. A civilizacao de Uros era formada por agricultores. Fugiu de suas terras quando os Incas às invadiram, à 700 anos atrás e construíu as ilhas sob o Lago, tornando-se pescadores. As ilhas sao feitas de blocos de raízes de "totoras", um tipo de bambú bem leve que nasce das águas do lago. É incrível como essa civilizacao tinha tanta perícia arquitetônica e técnica! As ilhas sao "renovadas" mensalmente com novas "totoras", nao afundam e podem ser divididas no caso de brigas de famílias! Hoje, os mais de 2 mil habitantes dessas ilhas, vivem da pesca e, principalmente, do turismo! Experiência única para nós a visita a esse lugar tao enigmático!

Vista de uma das ilhas de Uros, em Puno, Perú

Em Puno, já percebemos as diferencas entre os bolivianos e os peruanos, os primeiros descendentes diretos dos "aymarás", os outros, descendentes dos "quéchuas" e dos incas. A diferenca nao é só física (os bolivianos têm o rosto mais redondo e sao mais claros)... os bolivianos sao simples, humildes e muito amigáveis... já os peruanos... fechados, sérios, desconfiados. Os peruanos nos passaram inseguranca e, também, medo. O tratamento é bem diferente! Na Bolívia, nos sentíamos como gringos no Brasil... No Perú, nao parecíamos bem vindos. Talvez fosse apenas má sorte, ou impressao apressada... ainda nao temos conclusoes!

Saímos de Puno às 9:30 h da noite, numa viagem inquieta, pelo menos para mim (que por vezes quase vomitei com o odor que vinha das índias que se sentaram perto de nós ou com as descidas e curvas na cordilheira, que me pareciam piores que as de uma montanha russa! Eu odeio montanha russa!) e para a Natália (que nao conseguiu dormir, com medo dos outros passageiros. Os peruanos realmente nos passam a impressao de ameaca!)

Chegamos em Cusco às 5 h da manha. Fomos abordados por uma dona de Hostel, que nos convenceu a ir para lá. O Hostel se chama "Casa de mi abuela" (casa da vovó)! Local ótimo: organizado, limpo, confortável, bem localizado e barato! Além disso, a proprietária, dona Sônia, é uma ótima pessoa e ama o Brasil e os brasileiros!!!!!!

Cusco é o ponto de partida para quem vai para Machu Picchu, possui 550 mil habitantes e é cheia de estrangeiros.

Visitamos a cidade, que é linda! Antes de vir para cá, havia lido num guia que Cusco era a cidade mais espanhola das Américas! A cidade colonial espanhola mais bem preservada no mundo! Realmente, o guia estava certo... Cusco é, simplesmente, apaixonante!!!! O lugar que mais gostamos até agora na viagem! Ahh... é, também, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, declarado pela UNESCO.

Plaza de Armas, em Cusco. ("Chicas" de Arequipa, Perú)

Cusco era a capital do Império Inca e, por décadas, essa civilizacao conviveu com os dominadores trazidos e guiados por Pizarro, até sua extincao final! As mais de CEM (!) igrejas católicas daqui foram construídas sob os alicerces dos antigos templos religiosos incas. Seus monumentos foram profanados de forma irreversível pelos espanhóis...

Os Incas dominavam a matemática, a astrologia, a medicina, a agricultura, a arte...! Foram uma civilizacao muito avancada, que de selvagens nao tinham nada! Infelizmente, os espanhois dominavam a pólvora!!!!!! Junte-se a isto o fato de, na data da conquista espanhola, estar acontecendo uma séria disputa pela sucessao imperial inca! Mesmo assim, muito custou aos espanhóis (ou "incapazes", como sao chamados por aqui) exterminar essa nostálgica civlizacao! Civilizacao essa que nos deixou como legado Machu Picchu, além de diversas outras ruínas, conhecimentos de astrologia, matemática, medicina, agricultura, dentre outros...

Com a ajuda de um sobrinho da dona Sônia (aquela, da "casa da vovó"), conseguimos comprar a passagem de trem para Machu Picchu pelo preco de estudante (47 dólares, em vez dos 125 dólares que teríamos que pagar na classe mais barata) para o sábado, dia 14 de julho. A ferrovia pertence a uma multinacional britânica, que pratica precos europeus por aqui. Na verdade, o que mais se vê aqui sao gringos: europeus, americanos e israelenses. Se nao tivéssemos esse "Q.I", teríamos que pagar uns 200 dólares, já que as vagas nas classes de estudantes e de "backpackers" (mochileiros) estao esgotadas até o dia 5 de agosto! Obrigado "Côco"!!!! (Esse é o apelido do sobrinho da Dona Sônia). Entao, ficaremos em Cusco até segunda feira, dia 16 de julho...

Cusco é bem mais cara que as cidades que visitamos antes, afinal é o mais visitado ponto turístico da América do Sul, recebendo, anualmente, 12 milhoes de turistas estranheiros, mais de duas (!) vezes o número de turistas que o Brasil inteiro recebe por ano!!!!!

À noite, assistimos o jogo do Brasil contra o Uruguai, na semifinal da Copa América. Com sufoco, ganhamos!!!! Foi dia de festa brasileira em Cusco! Muito legal! Conhecemos muita gente de todas as partes do mundo, e bebemos muito sem gastar nada! Afinal, em cada bar e boate ganhamos um drink grátis!!!!! Passamos por uns 8 pontos de festa... daí já se pode ter uma nocao de quantos drinks ganhamos!!! ;-)))

Hoje, acordamos depois das 11 da manha... afinal, os drinks nos deixaram "cansados"! haha! Com excecao do Wagner, que nao saiu ontem, por problemas "estomacais" (ou seriam intestinais?), que lhe rendaram algumas idas apressadas e desesperadas ao banheiro! Perguntem à ele o que ele comprou para evitar situacoes desconcertantes!!!! hahahahaha! Comédia!

Visitamos as ruínas de "Saqsayhuamán", menos conhecidas, mas nao menos importantes que Machu Picchu. As ruínas ficam à 10 minutos do centro de Cusco. Depois, fizemos compras e voltamos ao Hostel. Muita coisa está fechada por aqui, afinal, hoje comecou a greve geral no Perú.

Abracos e beijos à todos e até mais...

Vitor Eduardo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eii Vitor!!!
Li sua postagem... muito bacana!!!
Estou muito feliz por vcs!!
e principalmente por estarem bem..hahahaha
q coisa hein!!
Quando voltar a Londrina, me manda um scrap... sempre q der entro aqui ver as novidades!
Beijo p/ vc, Willian e p/ todos!

Unknown disse...

Nossa que loucura gente...
Cuidem-se pessoal :)
bjaoo para todos

Anônimo disse...

caraio!!!
q doidera!
quero v todas essas fotos e videos q vcs tao tirando! =]

abraço