sábado, 23 de junho de 2007

Deserto de sal na Bolívia pode ser cruzado em 4x4

ALEXANDRE SCHNEIDER da Revista da Folha

Impressionante. Assim é o maior deserto de sal do planeta, o Salar de Uyuni, na Bolívia. Não foi por acaso que sua paisagem de sal e esculturas naturais de pedra inspirou a pintura surrealista do catalão Salvador Dalí. A travessia de três dias para cruzá-lo, a bordo de um veículo 4x4, passando por vulcões, gêiseres, lagoas repletas de flamingos e surpresas reveladas a cada hora é uma das experiências mais impactantes da porção sul do continente.

A jornada que liga as cidades de São Pedro de Atacama, no norte do Chile, a Uyuni, no sul da Bolívia, começa a 2.800 metros de altitude. Em poucas horas, rodando sobre a areia dourada, ao pé do vulcão Licancabur, avista-se a Laguna Verde. A tonalidade pastel tinge a paisagem, intensificando o contraste com a lagoa esmeralda. A breve caminhada até a lagoa pode provocar náusea leve e dor de cabeça, pois a altitude já beira os 4.500 metros.

Segue-se então rumo ao norte, subindo a 4.800 metros para visitar o Sol de Mañana, gêiseres que, como grandes caldeirões prestes a explodir, expelem gases quentes, deixando um forte cheiro de enxofre no ar. A alguns quilômetros dali, a água que corre submersa no solo vulcânico, com temperatura beirando os 30oC, aflora, convidando o viajante para um banho quente.

O primeiro dia de viagem termina num rústico alojamento à beira da Laguna Colorada, cujo tom avermelhado forte se deve às colônias de algas. Com profundidade de 50 cm, a lagoa atrai centenas de flamingos durante o dia, que podem ser fotografados caminhando tranqüilamente em busca de alimento.

O cenário, no segundo dia, é o chamado Disierto de Siloli. Rochas enormes e angulosas, esculpidas ao longo de milhares de anos pela ação do vento, emergem na nova paisagem, como uma floresta petrificada. A mais famosa delas, a Arbol de Piedra, lembra uma árvore estilizada. Desse trecho da travessia e até o final a altitude se mantém em cerca de 3.600 metros, o que já não causa mais desconforto aos forasteiros e permite avistar, no horizonte, montanhas nevadas. Uma pequena hospedagem de um vilarejo no meio do salar abriga o grupo na segunda noite.

O último dia guarda as imagens mais esperadas, a mais clássica paisagem do salar: uma vasta e plana superfície branca de sal. Nesse trecho, o motorista boliviano dirige em linha reta por mais de 100 km sem cruzar absolutamente nada. No verão, a neve derretida dos Andes alaga essa parte do salar. No solo, uma película de água cria um gigantesco espelho que reflete o céu, nuvens e tudo o que os olhos enxergarem, até o horizonte. No inverno, entre maio e novembro, essa lâmina de água seca e dá lugar a desenhos hexagonais, que lembram uma grande colméia.

Não bastasse a deslumbrante paisagem, o almoço do último dia de viagem é servido na Isla del Pescado. Uma ilha completamente rodeada pelo sal do deserto que abriga cactos gigantes com até 12 metros de altura. Para fechar a travessia com chave de ouro, a última parada é uma rápida visita ao hotel Playa Blanca, cujas paredes, camas, cadeiras e mesas foram construídas inteiramente de sal.

A travessia do Salar de Uyuni custa em média US$ 60 pelos três dias de viagem, incluindo hospedagem e três refeições por dia. É importante, entretanto, levar sua própria água, já que a elevada altitude e o sol forte desidratam rapidamente o visitante. As melhores agências são as que têm sede nas cidades de Uyuni e São Pedro de Atacama. Uma boa opção é a agência Colque Tours. Se o leitor ainda não se convenceu de que vale a pena conhecer o salar, vale lembrar que a Bolívia é o país mais barato da América do Sul para viajar.

Onde fica

O Salar de Uyuni fica no sudoeste da Bolívia e faz fronteira com o Deserto do Atacama, no norte do Chile

Melhor época

No inverno, entre os meses de maio e novembro, o salar fica seco, portanto mais fácil para ser percorrido de carro. Apesar de a temperatura poder chegar a -20ºC à noite, nessa época não chove, e o azul do céu se intensifica

Câmbio

US$ 1 vale 8,02 bolivianos

O que levar

Por causa da luz do sol que reflete no chão, óculos escuros e protetor solar são imprescindíveis. Leve também bastante água para não correr o risco de desidratação

Obrigatório

Vacina contra a febre amarela

Não perca

O restaurante e o hotel Palacio de Sal, onde móveis e paredes são inteiramente feitos de sal

Fuja

Se houver algum problema com o carro durante o trajeto, as agências que têm escritório tanto no Chile quanto na Bolívia estarão mais preparadas para socorrê-lo. Portanto evite trabalhar com agentes que não tenham sede nos dois países

Quem leva

- Climb Expedições (tel. 0800-7712366). A partir de US$ 1.423. Inclui parte aérea, traslados, três noites em La Paz, duas noites em Uyuni em apto. duplo com café da manhã, tours com guias locais, ingressos e assistência médica internacional.

- Meltrip (tel. 3816-1241). A partir de US$ 1.525. Inclui parte aérea, traslados, quatro noites em La Paz, duas noites em Uyuni em apto. duplo com café da manhã, tours com guias, ingressos, assistência médica internacional.

- Natural Mar (tel. 3214-4949). A partir de US$ 1.448. Inclui parte aérea, traslados, seis noites em apto. duplo com café da manhã, navegação no lago Titicaca e visita ao salar.

Fonte: Folha

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